Caso Isabella Nardonni II

O que mais me revolta neste episódio é a forma sensacionalista como a imprensa vem tratando o caso. Além das incertezas do inquérito policial, a mídia já condenou o pai e a madrasta. Ignoram que o caso ainda se encontra na fase do Inquérito Policial. Investigações, laudos, exames, nada mais. Os fatos ainda estão sendo elucidados pelo Promotor, o Delegado e a equipe da Polícia Judiciária. Mas, já existem condenados. A mídia sensacionalista deu o parecer e a condenação foi sumária, sem direito a recurso. Ignoram o princípio básico do direito penal que afirma que todos são inocentes até se prove o contrário.

Não quero julgar aqui o mérito da questão. Foi um crime bárbaro, uma história quase inacreditável e que comoveu o país inteiro. O que me choca, repito é a forma como a imprensa ávida por audiência vem tratando o caso, comprando depoimentos de vizinhos, amigos e parentes. Exibindo longas matérias em horário nobre, mercantilizando a morte da garota de forma aumentar seus lucros. Isso é inadmissível. Não estou aqui para menosprezar o sentimento de tristeza pela morte da menina Isabella, nem julgar inconvenientes àqueles que andam entristecidos e se insurgem contra o crime praticado em São Paulo. Longe disso! Mas é preciso construir, com a mesma força, um sentimento nacional de revolta contra as outras crianças do Brasil que todos os dias sofrem nas mãos de pais, familiares e, até mesmo políticos, irresponsáveis, inescrupulosos, maldosos, criminosos e que merecem a repulsa de todos nós.

Os culpados serão julgados e punidos nos rigores da lei. Cabe somente a justiça julgá-los e puni-los. A revolta da população é justa e serve também para agilizar a busca pelos culpados. Não adianta é julgar sem provas, na base de hipóteses, suposições e “achismos”.

Vamos aguardar o julgamento.