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sexta-feira, 27 de março de 2009

Dia internacional do teatro

Teatro_Municipal_Dix-Huit_Rosado

Dionísio convida para a grande festa. Vai ter muita bebida, muita gente bonita, muita liberdade. Deuses e demônios se preparam para o baile. Trapezistas, mágicos e anões se vestem colorido e usam pinturas brilhantes. As cortinas se abrem: o show já vai começar, e você é a atração principal.

Alex Xavier

Hoje comemora-se o dia internacional do teatro e o dia nacional do circo.

A prefeitura de Mossoró, realiza durante todo o dia de hoje, juntamente com companhias e atores locais uma leitura dramática de textos, nas praças da Independência e Rodolfo Fernandes. E Logo mais às 20h no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado (foto) dará continuidade com uma vasta programação cultural onde serão empossados os membros do Conselho Municipal de Cultura e será apresentada a nova lei de cultura do município – Lei Vingt-un Rosado. Na oportunidade haverá ainda a apresentação de cenas e textos diversificados, buscando a integração e unidade do universo do teatro. E será lançado o DVD da Companhia Escarcéu de Teatro seguida de um coquetel para os presentes.

Pão e circo para todos!

terça-feira, 17 de março de 2009

Clodovil Hernandes

Clodovil

O hospital Santa Lúcia, em Brasília, anunciou agora a pouco a morte cerebral do deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP), internado ontem após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). A informação foi dada pelo médico Cícero Henriques Dantas Neto, diretor técnico do hospital.

De acordo com o hospital, houve a autorização de amigos e promotores para a doação dos órgãos de Clodovil - pela falta de parentes próximos. Clodovil era adotado e sua mãe já havia falecido.

Por volta das 14h de ontem, o parlamentar teve uma parada cardiorrespiratória de cerca de cinco minutos. A parada foi revertida, mas o estado de saúde dele se agravou.

Clodovil foi internado às 8h17 de ontem e passou por um procedimento de inserção de cateter para reduzir o coágulo no cérebro. Ele foi encontrado desacordado por volta das 7h, de bruços no chão, por assessores.

Fonte: Folha Online

terça-feira, 3 de março de 2009

Parabéns Fafá!

fafa_rosado Hoje é o aniversário da nossa prefeita Fafá Rosado. Daqui envio meus sinceros votos de saúde e paz, pois sei que vai precisar.

Hoje logo nas primeiras horas na manhã servidores públicos municipais da educação – que se encontram em greve desde ontem, cantavam parabéns em sua homenagem em frente ao Palácio da Resistência sede do executivo municipal.

Os servidores da educação deflaglaram movimento grevista em prol do cumprimento do Piso Nacional da Educação, que é R$ 950 para professores dos níveis fundamental e médio das escolas públicas do país, que a prefeitura de Mossoró insistir em não cumprir.

Eu, daqui do meu cantinho, estou ao lado dos professores. A Prefeitura Municipal de Mossoró tem que pagar o piso nacional aos professores, R$ 950 já!

Novos Links

Inseri hoje nos meus favoritos, dois links de blogs que acompanho diariamente.

O primeiro é o do fotógrafo Canindé Soares, que todos os dias nos brinda com belas imagens do nosso estado e com textos diversos sobre o cotidiano de nossa capital.

O outro é o do colega, também fotógrafo, administrador, quase engenheiro agrônomo e contador de histórias Thiago Pedrosa, que direto da capital pernambucana nos traz seus causos e imagens.

São blogs que valem a leitura.

segunda-feira, 2 de março de 2009

A complicada arte de ver

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Rubem Alves.

O texto acima foi extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.